Toyota encerra atividades da fábrica em São Bernardo do Campo
O setor automotivo está passando por dificuldades nos últimos tempos. Muito disso se dá pela pandemia e a crise dos semicondutores, artigos fundamentais na produção e que estão sofrendo uma fase de escassez. No entanto, nenhum desses representa o motivo pelo qual a Toyota encerrará suas atividades no ABC paulista, após 60 anos de funcionamento. Quer descobrir o que levou a essa decisão e como isso afeta o setor? Acompanhe o texto!
História da fábrica
A fábrica da Toyota de São Bernardo do Campo é um marco da história da montadora japonesa, pois foi a primeira fábrica da marca fora de seu país de origem. Em 1962, ela foi inaugurada no Brasil e ficou responsável por produzir, de lá até 2001, o famoso off road Land Cruiser, popularmente conhecido no país como Bandeirante, que por muito tempo foi o único a ser produzido por aqui. Na década de 1990, uma segunda fábrica da marca foi inaugurada para a produção do Corolla, em Indaiatuba. Hoje, também há fábricas da Toyota em Sorocaba e Porto Feliz, todas no estado de São Paulo.
Outro marco da planta de São Bernardo do Campo foi o fato de já ter sido a sede administrativa da Toyota no Brasil. Somente em janeiro do ano passado ela foi transferida para Sorocaba.
Desde o encerramento da fabricação do Bandeirantes, a planta do ABC não fabrica mais veículos, apenas componentes. Atualmente, na indústria de São Bernardo são produzidas peças de motores para a fábrica de Porto Feliz, para o motor do sedã Camry, exportados para os Estados Unidos e para fábricas da Argentina também.
Por que a fábrica de São Bernardo será fechada?
Na contramão da indústria automotiva, a planta da Toyota no ABC paulista está encerrando suas atividades não por falta de insumos, mas como uma forma de melhorar a estratégia. O plano visa mais integração entre as fábricas em busca de aumentar a competitividade dentro do mercado, por conta dos desafios do setor.
Com o fechamento da unidade as atividades serão remanejadas para as outras fábricas: Indaiatuba, onde é produzido o Corolla Sedã, Porto Feliz, onde a produção é voltada para os motores e Sorocaba, de onde saem o Corolla Cross, Yaris e Etios.
Atualmente, a fábrica de São Bernardo emprega em torno de 550 pessoas, que, de acordo com a Toyota, terão seus trabalhos garantidos nas outras unidades se quiserem ser remanejadas. Porém, o sindicato não recebeu muito bem essa notícia e diz que foi pego de surpresa.
O fechamento da planta foi anunciado no dia 5 de abril, mas não é uma ação imediata. O processo gradual de encerramento começará em dezembro deste ano e ocorrerá até novembro de 2023.
Como o fechamento afetará o mercado?
Uma notícia de fechamento da fábrica sempre gera dúvidas e incertezas, porém ao que tudo indica não há motivos para se preocupar com o encerramento das atividades em São Bernardo. Como mencionado, a decisão visa uma melhora da estratégia da empresa e as atividades realizadas por ela serão apenas realocadas, mas não finalizadas.
Dias antes de anunciar o fim das atividades no ABC paulista, a Toyota comunicou o investimento de R$ 50 milhões na planta de Indaiatuba para a ser aplicada no desenvolvimento do Corolla Sedã, produzido nesta unidade. O dinheiro será utilizado para a aquisição de novas tecnologias. É válido lembrar que essa unidade já recebeu um investimento de R$ 1 bilhão, cujo ciclo encerrou em 2019, utilizado na fabricação da 12ª geração do carro, que é a atual.
A Toyota não é a primeira a fechar as portas de suas instalações em São Bernardo do Campo: em 2019, a Ford também encerrou a produção de seus veículos na cidade e a Mercedes-Benz de Iracemápolis, em 2021, vendeu sua planta para Great Wall.
Ao contrário do caso da Toyota, o fechamento da Ford foi um grande abalo para o mercado, uma vez que a montadora não só finalizou as produções em uma unidade, mas todo seu trabalho de fabricação de veículos no Brasil.
Em 2018, a montadora anunciou uma reestruturação global da marca e com isso encerrou suas atividades não só no Brasil, mas também fechou plantas em outros países ao redor do globo, como França e Austrália, além de terem ocorrido demissões, em 2019, na Europa e nos Estados Unidos. Neste mesmo ano, ocorreu o fechamento da fábrica na cidade de São Bernardo do Campo, após 52 anos de funcionamento no local. Com isso a fabricação do Ford Fiesta e de caminhões foi encerrada no ABC, e a marca disse que pretendia acabar com a produção de caminhões na América do Sul. O fechamento dessa unidade afetou a vida de 2.350 funcionários.
Depois disso, em janeiro de 2021, foi anunciado o encerramento das atividades da fábrica no Brasil e assim foram fechadas as fábricas de Taubaté (SP), Camaçari (BA) e Horizonte (CE). Tal medida afetou 5 mil empregos, no Brasil e na Argentina, que também foi afetada. Apesar da fabricação ter sido encerrada, outras atividades da Ford se mantiveram no país, como a venda de carros importados, e a marca também manteve a sede administrativa, o centro de desenvolvimento de produtos e o campo de prova.
Em 2020, as vendas da montadora eram 7,14% do total do país, representando uma queda que já ocorria a uns anos. Os impactos dessa ação são em relação ao plano de reestruturação da marca que pretende focar sua produção em SUVs, picapes e veículos comerciais, que deverão representar 90% da frota.
Contudo, o encerramento das atividades da Ford deixaram como alerta para o país a reestruturação dos incentivos fiscais, pois um dos motivos que levou a montadora a deixar o país também foi o aumento de custos da indústria e ociosidade da produção com a redução do número de vendas.
Aparentemente, o fechamento da Toyota de São Bernardo não terá um impacto tão grande como o da Ford, mas é preciso ficar atento às mudanças no mercado porque podem afetar o preço dos carros e a desvalorização dos modelos da marca. Tudo isso pode impactar a compra e a venda de veículos usados, por isso fique de olho!
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