O que significa o fechamento das fábricas da Ford no Brasil

A saída da Ford, primeira fabricante que se instalou no Brasil em 1919, foi um baque para o mercado automotivo. Alguns especialistas chegaram até a se questionar se estava começando um processo de desindustrialização do Brasil, já que a Mercedes Benz também concretizou sua saída.

De fato, o Brasil vem enfrentando períodos difíceis para o setor automotivo, devido a crises econômicas sucessivas, e a pandemia da Covid-19 só piorou a situação. Em comparação com seus vizinhos, o Brasil também não é tão competitivo a ponto de segurar essas grandes indústrias.

Entenda quais foram os motivos para a Ford interromper suas atividades no país. Saiba também qual a consequência disto para o mercado automotivo e para os consumidores da marca.

Porque a Ford se despediu do Brasil

A despedida da Ford do Brasil já está acontecendo há algum tempo. Em 2019, a marca havia encerrado as atividades na fábrica de São Bernardo do Campo (SP). Ao que tudo indica, a decisão de deixar de ser uma fabricante nacional para se tornar uma importadora se deve a diversos fatores.

Um deles é o custo da produção no Brasil, que se eleva em função da carga tributária e da logística. A alta do dólar também interfere nos custos, ainda que muitos materiais sejam comprados em território nacional. O aço, por exemplo, é cotado na moeda estrangeira e isso ajuda a reduzir a margem de lucro da empresa.

A continuidade da pandemia no país intensifica ainda mais o desafio de lidar com a economia nacional. A montadora já havia interrompido a fabricação de caminhões e outros produtos não rentáveis, mas o negócio continuava insustentável. As vendas não só vinham caindo como também a ociosidade das indústrias estava prejudicando os negócios.

Mudanças também ocorreram em outros países

Essa decisão não aconteceu apenas no Brasil. A montadora tem seguido um movimento de reestruturação global em busca de melhorar sua lucratividade, focando a produção em produtos e países estratégicos. A empresa também deixou de produzir alguns sedãs nos Estados Unidos, na intenção de focar em SUVs, picapes e utilitários.

Aqui no Brasil, o grande sucesso estava nos modelos Ka, Ka Sedan e EcoSport. Mas como a marca pretende investir em tecnologias mais avançadas, como carros elétricos e conectados, essa produção seria mais cara e inviável no país. Por isso, a empresa decidiu que seria mais vantajoso passar a importar seus veículos, já que o mercado brasileiro ainda possui um alto potencial de consumo, embora o poder aquisitivo dos consumidores não seja tão alto.

Por outro lado, a marca manteve suas fábricas na Argentina e no Uruguai, que fazem parte do Mercosul e podem permitir o livre-comércio de veículos entre os países futuramente. A própria Argentina já assinou um acordo com o Brasil para colocar isso em prática a partir de 2029. Logo, a decisão prevê vantagens a longo prazo já que nesses países o custo de produção valem mais a pena para a empresa.

O que acontece com os consumidores da Ford

Duas unidades fecharam imediatamente após o anúncio: Camaçari (BA), que produzia o Ford Ka e o EcoSport, e Taubaté (SP), que fabricava motores e transmissões. Elas devem manter, temporariamente, apenas a produção de peças para fazer estoque. Já a terceira unidade, instalada em Horizonte (CE), dedicada à produção de jipes Troller, fica em atividade até o fim do primeiro trimestre de 2021.

Com o encerramento das atividades no Brasil, a Ford manterá as vendas em suas concessionárias, porém todos os carros novos serão importados. Já os modelos brasileiros EcoSport, Ka e Troller T4 sairão de linha. Para os consumidores que preferem carros usados ou seminovos, essa é uma oportunidade de aproveitar a desvalorização ou valorização de veículos da marca e fechar negócios vantajosos.

Agora que os carros virão da Argentina e Uruguai, a Ford confirmou a venda das novas gerações do furgão Transit, da picape Ranger, o SUV Bronco e o Mustang Mach1. A marca também se comprometeu a continuar prestando assistência técnica e garantia, além de fornecer peças aos clientes.

 

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